segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sobre a morte no "corredor da folia"

Anunciada como a festa “para fazer Caxias voltar a feliz”, o Micaxias – evento organizado pela família Marinho -, revelou-se uma tragédia anunciada. A morte do jovem médico Edivaldo Feitosa Daniel Filho, de 29 anos, abalou a cidade. Logo na primeira noite, o rapaz foi morto, bem no meio do chamado “corredor da folia”, vítima de vários golpes de faca, após envolver-se em uma briga banal, segundo testemunhas. Inúmeras outras ocorrências – graças a Deus de natureza menos grave – foram registradas pela polícia.
A atual edição do ‘Micaxias’ – como quase tudo que tem por trás o dedo de algumas conhecidas figuras da nossa comunidade - já nasceu fadado a tragédias. O aparato da nossa segurança pública dispensada pelo Estado é insuficiente para garantir o mínimo de tranquilidade à população no dia a dia, imagine, então, em eventos de grande porte.

Sobre a morte no
Edivaldo Feitosa Daniel Filho (Foto Divulgação)

Não sou contra a realização de eventos como o ‘Micaxias’. Eles atraem pessoas que vêm de fora, lotam os nossos hotéis, bares, restaurantes, postos de combustíveis... Enfim, gente que vêm para cá atrás de diversão e deixa dinheiro em nossa cidade, aquecendo a economia local.
Porém, eventos assim exigem responsabilidade dos seus organizadores. É preciso pagar direito as atrações contratadas, para Caxias não ficar mal falada lá fora. Basta lembrar que o cantor Raimundo Fagner afirmou no Faustão que lhe fizeram assinar uma nota 20 por cento a mais do valor contratado. Isso é feio!
Outro ponto mais importante a ser observado pelos organizadores desses eventos é a segurança do público. Se as nossas polícias não dispõem de condições mínimas para um efetivo serviço de segurança, devem os organizadores contratar segurança privada qualificada. Não é o que se vê no ‘Micaxias’.
A organização do ‘Micaxias’ sequer agiu para garantir a legalidade do evento. Característica que, convenhamos, é comum aos organizadores, conhecidos por desrespeitarem as leis. Não custa lembrar que o casal Marinho está banido da política – ele (Paulo) por ter sido cassado por corrupção e ela (Márcia) por ter suas contas governamentais consideradas irregulares pelo TCE. Ou seja, ambos são fichas sujas.
Agora, se o ‘Micaxias’ estava mesmo irregular, porque permitiram sua realização? A Prefeitura afirma ter informado da irregularidade do evento às polícias Civil e Militar; ao Corpo de Bombeiros; e ao Ministério Público. Mas nenhum órgão – e isto inclui a Prefeitura também! – nada fez para proibir que o ‘Micaxias’ fosse realizado ou exigir a devida regularidade.
Sim, porque, as pessoas que promovem eventos em nossa cidade, como festas dançantes em locais fechados, por exemplo, estão obrigadas a cumprir uma série de exigências, além do pagamento de taxas na delegacia, do contrário a polícia chega e manda acabar a festa.
Então não dá para querer transformar a morte do rapaz num fato político. A tragédia deve ser creditada a inúmeros fatores. Não há um responsável só, são vários.
Também é cretinice querer sustentar que as críticas à falta de organização do ‘Micaxias’ é mera perseguição política, como uma pessoa que postou numa dessas redes sociais que “(...) tem muita gente se aproveitando do corrido para tentar manchar a imagem de determinados políticos da cidade”. Uma pessoa dessas, ou é mal informada – e desconhece a história recente de Caxias, pois aqui todo mundo sabe quem são os corruptos – ou é idiota.

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